O que é febre reumática?
A febre reumática pode ser entendida como uma sequela que ocorre posteriormente a quadros de faringite pela bactéria estreptococo beta-hemolítico do grupo A (EBGA).
Nota-se maior prevalência em crianças e adultos jovens; no entanto, pode se apresentar em qualquer fase da vida, associando-se com frequência à baixo nível socioeconômico.
Ela pode se manifestar clinicamente nas formas de
– Artrite;
- Cardite;
- Coréia;
- Eritema marginado;
- Nódulos subcutâneos.
Uma das principais complicações causadas pela cardite, com maior repercussão clínica em longo prazo, são os danos às válvulas cardíacas, que podem assumir caráter crônico e progressivo, ocasionando descompensação cardíaca e levar até ao óbito.
Incidência
A febre reumática é uma doença dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento. Isso ocorre pois nesses países a transmissão do estreptococo é mais fácil. Porém, não há dados concretos de incidência nesses locais, sendo, provavelmente, uma doença subdiagnosticada. Nos últimos anos, nota-se baixa incidência nos países desenvolvidos e,paralelamente, é observado redução na prevalência da cardite.
SINAIS E SINTOMAS
As manifestações advindas da febre reumática chamadas de “manifestações cardinais” incluem a cardite, a artrite, a coreia, os nódulos subcutâneos, e mais raramente, o eritema marginado.
A forma de apresentação desta doença pode variar em alguns pacientes, podendo-se distinguir duas formas principais:
Doença febril aguda
A forma mais comum é uma doença febril aguda que tem seu início de 2 a 4 semanas após infecção de garganta (faringite) do EBGA, com manifestações articulares e habitualmente cardite, podendo também apresentar eritema marginatum e os nódulos subcutâneos. Geralmente tem duração menor do que 6 semanas.
Doença neurológica
Já a segunda forma é um pouco mais raro sua frequência, tendo um início tardio, cerca de 1 a 8 meses após infecção pelo EBGA, e se caracteriza por uma desordem neurológica chamada coréia de Sydenham. Nesses casos geralmente há ausência de febre, manifestações articulares e a cardite, quando presente, é via de regra subclínica, tendo sua duração habitual entre 6 semanas a 6 meses.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da febre reumática é realizado através da constatação da infecção de garganta prévia pelo estreptococo do grupo B, associada aos sintomas clínicos característicos. Além disso, alguns exames laboratoriais e cardíacos são de suma importância para avaliação do processo inflamatório e da infecção estreptocócica. Existem critérios (critérios de Jones) que ajudam a pontuar os sintomas e as alterações laboratoriais para que se faça o correto diagnóstico da doença.
Em relação aos exames complementares destacam-se:
- reagentes de fase aguda, como VHS e proteína C reativa;
- hemograma;
- eletrocardiograma para avaliar taquicardia, distúrbios de condução e alterações do segmento ST;
- ecocardiograma na pesquisa de regurgitações valvares;
- radiografia de tórax, para avaliação de cardiomegalia e sinais de congestão pulmonar.
TRATAMENTO
A terapêutica visa o suporte clínico, tratamento das manifestações sintomáticas específicas e profilaxia primária, caracterizada pela erradicação do EBGA, ou secundária, visando prevenir recorrências.
Em alguns casos pode ser necessária a hospitalização devido a gravidade das manifestações clínicas, como em casos de cardite moderada ou grave, artrite incapacitante ou coreia grave. Os anti-inflamatórios não esteroidais apresentam boa resposta no caso da artrite, em especial o AAS e o naproxeno.
O tratamento farmacológico para cardite também inclui corticoterapia, às vezes em forma de pulsoterapia em casos mais graves, além do tratamento da insuficiência cardíaca, com diuréticos e restrição hídrica.
A profilaxia primária da febre reumática consiste no tratamento correto da faringoamigdalite com antibióticos indicados e pelo tempo mínimo exigido (dose única no caso na penicilina benzatina e 10 dias no caso da penicilina V ou amoxicilina). Já a profilaxia secundária consiste na aplicação regular de penicilina benzatina a cada 21 dias, por um tempo que será determinado conforme forem as manifestações da febre reumática em cada indivíduo.