O que é artrite reativa?

A artrite reativa compreende-se no espectro das espondiloartrites, quadro que atinge, na maioria dos casos, pessoas mais jovens. Sua ocorrência é observada após quadros infecciosos que acometem o sistema urinário e gastrintestinal. 

Apresenta elevada predisposição genética na presença do antígeno leucocitário humano (HLA)-B27, entretanto, não se limita a esses casos. Em grande parte dos pacientes sua evolução é autolimitada, com isso, nota-se que muitos destes negligenciam a avaliação médica especializada. 

Fisiopatologia da doença 

Existem muitas teorias que visam explicar as bases fisiopatológicas da doença, no entanto, os mecanismos ainda não foram totalmente elucidados. 

Umas das teorias defende os mecanismos de hipersensibilidade desencadeados pela resposta inflamatória, decorrente do acometimento de articulações estéreis por um antígeno bacteriano. Já outras, defendem que há uma desregulação dos padrões de resposta imune do paciente. A mais consistente, porém, sugere que a doença está relacionada com o próprio processamento antigênico determinado pelo HLA-B27.

 SINAIS E SINTOMAS 

A artrite reativa manifesta-se principalmente nas articulações de membros inferiores, como joelhos, tornozelos e metatarsofalângicas como uma oligoartrite assimétrica que apresenta-se após infecções que acometem o trato urinário e gastrointestinal. 

Além da artrite, podem estar presentes entesite, dactilite, dor alternante em nádegas e lombalgia inflamatória.

Os pacientes ainda podem apresentar sintomas mais generalizados, como febre, quadro sistêmico de perda de peso e adinamia. Tais sintomas indicam a presença de artrite reativa por não serem comuns em casos de espondiloartrites. 

Ainda podemos ter variadas manifestações  extra-articulares, como:

  • Oftalmológicas (conjuntivite, uveíte anterior, episclerite, ceratite); 
  • Geniturinárias (disúria, dor pélvica, uretrite, flogose no meato uretral, cervicite, prostatite, salpingooforite, cistite, balanite circinada,psoríase de glande); 
  • Gastrintestinais (diarreia e dor abdominal); 
  • Cutâneas e ungueais. 

As manifestações cardíacas são muito incomuns, porém há relatos de doença valvar, distúrbios de condução e pericardite.

Os portadores do  antígeno leucocitário humano (HLA)-B27 apresentam maior risco para quadros crônicos e manifestações extra-articulares, podendo ainda ter um pior prognóstico. Salvo essa exceção, esse quadro na maior parte dos casos tem resolução espontânea dentro de 1 ano e metade dos casos em cerca de 6 meses. 

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

É de suma importância a realização da anamnese e exames físicos nesses casos, além de exames complementares direcionados, isso porque, existe uma ampla variedade de diagnósticos diferenciais. 

É necessário levar em consideração as artrites infecciosas, como a gonocócica e microcristalinas, as pós-traumáticas, as relacionadas com doença inflamatória intestinal e doença celíaca, as associadas ao uso intravesical de BCG (Bacilo de Calmette-Guérin), à febre reumática, entre outros.  

TRATAMENTO 

Infecção 

Pelo fato da artrite reativa ser precedida por infecção, é importante pensarmos primeiro no tratamento desta. O uso de antibióticos não é indicado para o tratamento da artrite, entretanto, a resolução da infecção pode contribuir para a melhora do quadro articular. 

Quadro clínico 

Já no tratamento do quadro articular propriamente dito, é preconizado, no geral, o uso de anti-inflamatórios não hormonais e corticosteroides sistêmicos ou intra-articulares por curtos períodos, geralmente em torno de 2 semanas. 

Em casos refratários, pode-se associar um dos medicamentos modificadores do curso da doença (MMCD). De modo geral, quando a terapia com MMCD é iniciada, é esperado que haja resposta dentro de 3 a 4 meses e aguardam-se 3 a 6 meses de remissão para a retirada.

Manifestações extra articulares 

No tratamento das manifestações extra-articulares, é importante a presença de outros especialistas para determinar as devidas estratégias terapêuticas, como no caso das uveítes  em que se faz necessário  avaliação pelo oftalmologista.  

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