O que é espondiloartrite?
Espondiloartrite é o nome dado a um grupo de doenças que acometem a região das enteses das articulações e compreende as seguintes enfermidades:
- Espondilite anquilosante (EA);
- Artrite psoriásica (APs);
- Artrite reativa (ARe);
- Espondiloartrite associada à doença inflamatória intestinal;
- Artrite enteropática (AE);
- Espondiloartrite indiferenciada (EI).
As espondiloartrites habitualmente provocam dor lombar crônica, podendo ainda apresentar associação à artrite periférica, entesite e/ou dactilite, bem como manifestações extra-articulares como psoríase, doença inflamatória intestinal e/ou uveíte.
Classificação
A classificação pode ser referente a principal região envolvida, como axial (coluna vertebral, pelve e/ou caixa torácica) ou periférica, que acomete principalmente as ênteses das articulações periféricas.
Ainda, podemos classifica-las quanto à presença de alterações estruturais à radiografia das sacroilíacas em radiográficas ou não radiográficas (nesta última, podemos ter alterações na ressonância magnética mas que não são vistas na radiografia simples).
Incidência
A espondiloartrite é uma doença que habitualmente surge antes dos 45 anos, com pico de incidência na terceira década de vida. Entretanto, em pacientes positivos para presença de um gene chamado antígeno leucocitário humano (HLA)-B27, pode se apresentar até 5 anos mais cedo em média. É uma doença mais frequente na Europa e menos comum na Ásia, America Latina e África; isso se deve, em boa parte, à distribuição geográfica e prevalência do HLA-B27.
As formas radiográficas apresentam incidência pouco maior nos homens, enquanto as formas não radiográficas têm indecência semelhante em ambos os sexos, sendo que nas mulheres é mais comum o atraso no diagnóstico.
SINAIS E SINTOMAS
Os pacientes acometidos por essa doença costumam relatar dor lombar crônica e glútea alternante, de ritmo inflamatório. Uma característica geral da dor é apresentar piora pela manhã e após repouso prolongado ou noturno, que ainda pode ser acompanhada por rigidez matinal com duração superior a 30 minutos e fadiga.
No caso da artrite periférica, a maioria é assimétrica ocorrendo sobretudo nas articulações dos membros inferiores (joelhos, tornozelos e quadris). Outras ênteses podem ser acometidas, como crista ilíaca, processos espinhosos e cartilagens costocondrais.
Mais raramente pode ocorrer a dactilite, uma manifestação decorrente da tenossinovite dos flexores dos dedos.
Como manifestações extra-articulares, pode ocorrer psoríase, doença inflamatória intestinal e, a mais comum delas, a uveíte, que tende a ser anterior, aguda e unilateral com alternância entre os olhos.
DIAGNÓSTICO
Diversos critérios foram estabelecidos com fins classificatórios, sendo o mais recente e aceito o critério do grupo ASAS, de 2009. Tais critérios classificatórios muitas vezes são aplicados de forma a auxiliar no diagnóstico. Esses critérios baseiam-se na presença de dor crônica nas costas em indivíduos com menos de 45 anos, e na presença de alterações na radiografia ou ressonância de sacroilíacas, do gene HLA-B27 e de outras manifestações clínicas e laboratoriais como elevação dos marcadores inflamatórios como proteína C reativa e velocidade de hemossedimentação (VHS).
No entanto, vale ressaltar que, durante o manejo clínico, faz-se necessário maior flexibilidade para o diagnóstico, tanto diferencial quanto de valorização dos achados negativos. É importante se atentar aos dados epidemiológicos, achados articulares e extra-articulares típicos, bem como história familiar.
TRATAMENTO
Em relação ao manejo clínico, temos disponíveis diversas ferramentas que são empregadas no monitoramento do paciente.
Com a finalidade de avaliação da atividade de doença, os mais utilizados são o Bath Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index (BASDAI) e o Ankylosing Spondylitis Disease Activity Score (ASDAS), que abordam itens como intensidade das dores axiais e periféricas, da rigidez matinal, da fadiga e da entesite.
Já o tratamento objetiva principalmente controle da dor, preservação da função e melhora da mobilidade articular e da qualidade de vida em curto, médio e longo prazo, controlando os sintomas articulares, extra-articulares e a fadiga, além disso, evitam danos estruturais.
Para a terapêutica farmacológica, a primeira linha de tratamento para as manifestações axiais são os anti-inflamatórios não esteroides. Outros medicamentos como metotrexato e sulfassalazina também podem ajudar em manifestações clínicas específicas.
Caso a remissão não seja atingida ou haja contraindicação ou efeito adverso limitante desses medicamentos, eles são substituídos pelos imunobiológicos, como os agentes anti-TNF ou anti-IL-17.
Também é de suma importância uma abordagem multiprofissional, especialmente no caso de ocorrer manifestações extra-articulares que precisam de avaliação médica especializada (oftalmologista, dermatologista, gastroenterologista), assim como para o tratamento não farmacológico com reabilitação e atividade física.